Itinerário técnico da cultura da Melancia (Citrullus lanatus)
Como cultivar melancia biológica?
Sementeira
Feita normalmente em tabuleiro com posterior transplantação para o local definitivo cerca de três semanas após, quando tem 2 a 3 folhas verdadeiras. O transplante não deve ser realizado demasiado tarde pois poderá levar assim a uma grande crise de transplantação, levando a um atraso no seu crescimento, menor tamanho dos frutos e menores produções. O transplante só deve ser realizado quando a temperatura do solo a uma profundidade de 10 cm é de pelo menos 18°C e já não existe o risco de geadas. A cultura é feita usualmente em linhas mantendo uma distância entre 45 a 60 cm entre plantas e 1.8 m entre linhas.
Solo
A cultura prefere solos leves, profundos, ricos e bem drenados, devendo ter um pH entre 6.0 e 6.8.
Clima
É uma cultura que gosta de temperaturas altas, quer durante o dia quer durante a noite. Uma exposição a Sul é favorável, levando a um aquecimento adicional.
Fertilização
Apesar de não ser propriamente uma cultura exigente, deve realizar-se uma fertilização em fundo com algum composto.
Rega
Devido a diferentes necessidades hídricas ao longo do ciclo cultural, o sistema gota-a-gota é indicado, devendo evitar-se água na semana anterior completa maturação que pode afetar seriamente a qualidade dos frutos. O sistema de rega gota-a-gota oferece a vantagem de não colocar água nas folhas que pode levar ao desenvolvimento de doenças.
Controlo de infestantes
O mulching com materiais orgânicos ou plástico é uma boa opção para a cultura, evitando a competição das infestantes com a cultura, para além de evitar o contacto dos frutos com o solo que pode levar a algumas podridões.
Controlo de pragas
Os ácaros, afídeos, lagartas roscas, larvas mineiras e tripes são pragas que atacam esta cultura. Para os ácaros pode ser usada a luta biológica com ácaros predadores e, se necessário, pode ser aplicada azadiractina ou enxofre em pó (se T <28°C). Os afídeos são controlados através de fertilizações moderadas sem excesso de azoto, limitação natural com sebes em bordadura para favorecer os auxiliares, luta biológica com himenópteros parasitóides e predadores, podendo, se necessário, usar-se sabão de potássio ou azadiractina. Para as lagartas roscas pode no seu controlo evitar-se usar estrume fresco, usar-se isco + farelo + Bacillus thuringiensis sobre o terreno junto à cultura, o uso de Bacillus thuringiensis em pulverização e ainda a luta biológica com nemátodes Steinernema carpocapsae. Para as larvas mineiras deve ser usada a luta biológica com himenópteros parasitóides, limitação natural com sebes e outras plantas melíferas que alimentem os adultos dos parasitóides, podendo ainda, se necessário, ser usada a azadiractina. Por fim, as tripes podem ser controladas através do uso em bordadura de plantas favoráveis aos auxiliares antocorídeos (como são os malmequeres e outras compostas) e a luta biológica com ácaros predadores e antocorídeos.
Controlo de doenças
O oídio e a podridão cinzenta são duas doenças da cultura. Para o controlo do oídio devem usar-se compassos largos, fertilização moderada sem excesso de azoto e, se necessário, aplicação de enxofre em pó polvilhável ou enxofre em pó juntamente com lithothamne (1:1) em polvilhação, devido a ser menos fitotóxico que o enxofre estreme. Quanto ao controlo da podridão cinzenta deve eliminar-se restos de plantas doentes, evitar o excesso de vigor, evitar água sobre as plantas e aplicar argila bentonítica regularmente.
Pós-colheita
Podem ser conservados a 7°C com 85% de humidade relativa durante duas a três semanas.